segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em paz com a natureza (uma visão/opinião na Administração de Empresas)

Há uns 10 anos temos mudado surpreendentemente todas as relações aquele que produz e aquele que detém os meios de produção. Com as novas linhas de pensamento em relação à Gestão de Pessoas, as empresas dos mais variados portes e indústrias, estão adotando ferramentas e atitudes que priorizam a felicidade e a realização pessoal e profissional das equipes. A guerra apregoada por Marx e a idéia de interesses contraditórios vem velozmente sendo substituídas por auto-reconhecimento de ambas as partes e principalmente aqueles que por uma grande parte da história tiveram um papel de dominadores, neste momento ao invés de quererem só tomar do dominado, passou a aprender ele, a valorizá-lo e a reconhecer que a sua falta pode ser uma perda irreparável. Quer dizer, na Gestão de Pessoas estamos trocando a guerra entre Dominado e Dominador, pela harmonia entre empreendedor e trabalhador de conhecimento.

Se na Gestão de Pessoas esse caminho tem trazido resultados tão positivos como segurança, respeito mútuo, equilíbrio e amor, porque não conseguimos transferir essa cultura também para nossa convivência com a natureza? Temos pensado que muito antes de qualquer coisa do tipo tomar consciência, frear o abuso e a exploração desmedida, criar novas tecnologias e gestões, punir as agressões e matanças cada vez mais aceleradas, teríamos que iniciar pelo inicio (risos) e o inicio para nós é um projeto de TPN. TPN é o que chamamos de Teoria de Paz com a Natureza. Isto mesmo temos que parar com essa guerra, de encarar a natureza como um inimigo, de desejar a qualquer custo dominá-la e fazer dela uma serviçal dos nossos caprichos.

Desde que paramos de ser nômades e passamos a nos tornar sedentários com o advento da agricultura, diminuímos as atividades físicas e isso foi associado a um comportamento e desenvolvimento de várias tecnologias e produtos que mantivessem nossos confortos. Passamos a produzir uma guerra contra a natureza que não temos nem idéia de quantos já tombaram para manter tudo o que nos cerca. Uma guerra que tem derramado sangue animal, vegetal e mineral, presente desde o computador que nós usamos, passando pelo desperdício de alimentos, até aquele ato mais comum de fazer a barba e deixar a água correndo sem fechar a torneira.

Veja que nessa guerra fomos devastando matas e arruinando espécies inteiras, para construção de mais fábricas e mais fábricas. Quanto mais fomos crescendo tecnologicamente, mais a metralhadora apontou também contra o ar e os mares. A Organização mundial de saúde explicou que o ar considerado limpo é aquele que chega a ter 20 microgramas (mcg) de poeira dispersa no ar por metro cúbico. A Região Metropolitana de São Paulo tem hoje 50 mcg por metro cúbico.

Ficamos horrorizados em pensar nos campos de concentração da segunda guerra mundial, do amargor do Vietnã, do que acontece na Palestina. Mas sobre os crimes cometidos em uma silenciosa e estúpida guerra praticada, por exemplo, na venda de animais silvestres em feiras livres, um mundo de gente compra e outro até passa por ali e brinca com o sagüi encarcerado numa gaiola como um prisioneiro de guerra. Podemos fazer as pazes com a natureza e o que nos impossibilita? Intervenções urbanas e implantação de um transporte de superfície eficaz, que usa ônibus de alta capacidade circulando em corredores exclusivos, reduzem um ciclo de matança quase incalculável. Deixar de usar aquecedores que consomem grande quantidade da poupança energética, deixar de usar papel, pois bilhões de árvores são abatidas todos os anos. Muitas medidas estão sendo tomadas, mas é preciso que entremos numa era de TPN. Se não pararmos de tratar a natureza como uma inimiga, uma adversária ou uma escrava o fim dessa guerra será o nosso próprio fim. Da mesma forma que na Gestão de Pessoas passamos a valorizar o outro pelos seus atributos e aprender com ele. Para que as nossas palavras cativem as gerações que estão chegando, não basta apenas metodologia, teremos que botar o coração. Colocaremos o coração em nossos ensinamentos quando for realmente um conhecimento que a natureza é um ser e matar um ser seja da espécie humana ou da Otaria byronia (Leão Marinho), é um crime. Uma guerra só acaba quando a vida passa a ser o maior motivo para prosseguir. Contrário a isso é solidão e abandono.

Finalmente, lembro que quando fui aluno do saudoso prof. Pierre Weil, década de 90, uma colocação dele sobre "o nosso futuro só existir se preservarmos a natureza" me provocou um sentimento que devia servir a natureza em troca de extorquir. E como me conservo otimista tenho certeza que ainda é possível viver.
 

Fonte: Administradores.com / Por Paulo Ricardo S. Ferreira

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