segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A importância dos besouros do Pantanal

Quem já não se assustou com o vôo estridente de um besouro sobrevoando as plantas? Esses seres fazem parte de um mundo animal ainda bem desconhecido e são geralmente marginalizados por serem chamados de insetos horripilantes. Embora pequenos, os besouros possuem articulações firmes e fortes, capazes de agarrar a fêmea ou cortar um galho. Recentemente, cientistas ingleses afirmaram que o besouro rinoceronte (Oryctes rhinoceros), que vive em florestas tropicais da América do Sul, é o mais forte de todos os insetos. Não se pode afirmar qual o número real de espécies de besouros catalogados, mas se fala em cerca de 300 mil em todo o mundo. 

Em Mato Grosso as investigações científicas com relação a este inseto estão mais focadas no ecossistema pantaneiro. Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estudam a ecologia e taxinomia de artrópodes (apêndices articulados) e, desde 1977, formaram um grupo para conhecer a biodiversidade na região do Pantanal, entender como esses bichos reagem ao estresse hídrico (seca/cheia/vazante) e a função ambiental que exercem no ecossistema. 

Marinez Isaac Marques, professora e doutora em Ciências Biológicas com especialização em entomologia da UFMT, afirma que o Pantanal tem grande população de besouros, mas com pouca diversidade de espécies. Os estudos são direcionados para as famílias Scarabalidae, com destaque para o popular rola-bosta; Ceramibyeidae, chamados de serra-pau; Staphilinidae e os Curculionidae, um besouro semi-aquático presente nos igarapés do Pantanal. 

Marinez vem desenvolvendo pesquisas para estudar a relação especial que o besouro aquático tem com a planta. "Ao analisarmos sua estrutura, percebemos que ele tem pelos e um sistema respiratório que permite que sobreviva na água e dentro da planta por muito tempo. Ao se reproduzirem ali, esses besouros soltam ovos e larvas que vão destruindo a planta de forma natural, o que mantém um certo controle no crescimento dos igarapés. É, portanto, uma função que esse bicho tem naquele ambiente". A pesquisadora avalia que vem encontrando outras espécies de besouros neste ambiente "o que pode nos indicar que existem espécies ainda desconhecidas". 

Nas árvores pantaneiras, os besouros chamados de serra-pau fazem a ovoposição nos galhos e usam o ferrão na barriga para furar o pau e colocar os ovos. Assim que ovula essa espécie usa a força da mandíbula para serrar o galho. Assim que o Pantanal começar a encher, os insetos saem dos furos nos galhos e passam a viver na natureza. Esquisitos e às vezes bem barulhentos, os besouros são fonte de alimento para aves, peixes e pequenos roedores no Pantanal. 
 
Fonte:   Gazeta Online / Josana Salles



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