quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quanto vale a natureza?


Debate sobre pagamento de serviços ambientais, como a utilização de rios, está sendo realizado no estado por especialistas

Quanto vale a sombra de uma árvore? Para muitos "não tem preço". Mas mensurar esse valor e o de outras ofertas do meio ambiente é um desafio que começa a ser enfrentado. Ambientalistas, pesquisadores e representantes do poder público iniciaram o debate sobre o pagamento por serviços ambientais em Pernambuco. Isso significa que quem mora em áreas de floresta, cortadas por rios ou com a presença de nascentes deverá receber um estímulo financeiro para proteger a região. E essa conta será dividida entre todos os usuários. A medida reconhece o valor da natureza preservada e promete o reajuste de um antigo débito: está na hora da natureza "receber" pelo trabalho prestado, como a oferta de água, alimento e lazer.



O assunto foi o tema do I Seminário Pernambucano sobre Serviços Ambientais realizado na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma), ontem, pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan). A entidade, em parceria com a Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane), está iniciando um projeto para quantificar os serviços ambientais prestados pelo remanescente de mata atlântica no estado. Aprovado pelo Fundo Estadual de Meio Ambiente (FEMA), o estudo poderá servir como base para a política de pagamento estadual. A primeira lei federal que estabelecerá a medida está tramitando no Congresso e a expectativa é que seja aprovada até junho.



Enquanto isso, municípios e estados podem buscar estratégias para garantir a proteção das áreas de unidades de conservação e dos recursos naturais. "O pagamento é a inversão de valores. Em vez de pagar para consertar os problemas, como investir em fertilizantes por conta do esgotamento do solo, iremos pagar para conservar", afirmou o biólogo e pesquisador do Cepan, Felipe Melo. O dinheiro destinado ao pagamento de agricultores que protejam as árvores e o rio, por exemplo, pode vir de fundos públicos de meio ambiente, doações privadas e impostos. "Todos os usuários beneficiados devem pagar. Tem serviços que têm ganhos locais, outros regionais e internacionais", destacou, citando o uso local de água e a absorção de gases poluentes pelas florestas.



Como exemplo do custo para remediar o dano e proteger o recurso natural, o pesquisador citou a estimativa de 217 bilhões de dólares por ano com a polinização (dispersão de sementes e reflorestamento pelos insetos) e comparou com o custo de R$ 15 bilhões anuais de fertilizantes no Brasil, resultado do esgotamento do solo. Com o pagamento, a intenção é fortalecer a política de sustentabilidade e mostrar que é mais lucrativo evitar os danos.


Fonte:  Diario de Pernambuco / Júlia Kacowicz
 




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