terça-feira, 31 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) Globalização

(Continuação da matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes)


8. Globalização 2.0

Éramos caubóis, somos astronautas
Antes, não tínhamos receio de desbravar o mundo. Hoje, estamos aprendendo a viver numa nave lotada, e de recursos restritos. O caminho para enfrentarmos as enrascadas globais passa pelo nascimento de uma cidadania planetária


Soa como clichê, é imagem algo desgastada, mas o fato é que, em 1969, quando chegamos à Lua e de lá observamos nosso planeta, algo começou a mudar em nossa mente. Porém, apesar da contundente imagem na televisão e nas páginas de revistas e jornais, a vida real continuou a mesma. Afinal, éramos meros 3,6 bilhões de pessoas. Não pensávamos em nossa "pegada ecológica", mas, se o fizéssemos, veríamos que só 70% da capacidade da Terra era utilizada. Como caubóis, víamos um vasto mundo a ser ocupado e usufruído sem receio. Buscávamos nosso oeste apoiados nas descobertas da ciência. Em apenas quarenta anos, tudo mudou.

Hoje somos quase 7 bilhões de seres humanos, e tiramos da Terra 30% mais do que ela pode dar, exaurindo rapidamente o patrimônio de cuja renda dependemos. Descobrimos que já não somos caubóis, mas astronautas. Vivemos isolados numa grande nave, com recursos finitos e limitado espaço para dejetos. A realidade que conhecíamos – mas não sentíamos – agora se impõe, sob a forma de mudanças climáticas, montanhas de lixo, conflitos por água, petróleo e outros recursos.

Existem saídas para esse impasse? Certamente sim, e somos capazes de construí-las, apesar dos enormes obstáculos a superar. Um deles, talvez o maior, é o desafio institucional, do qual pouco se fala. A imagem da Terra vista do espaço revela, também, que o mundo não tem fronteiras. E esse é mais um dado da realidade que ainda insistimos em ignorar. Os 192 países que hoje compõem a ONU nada mais são que invenções humanas, criadas há poucas centenas de anos. Conceitos hoje quase sagrados – como pátria e soberania nacional – só foram consolidar-se em meados do século XVII, com a Paz de Vestfália. Foi nesse conjunto de tratados que, finalmente, os potentados da nobreza europeia, incluindo o Sacro Império Romano-Germânico, reconheceram mutuamente seus respectivos poderes, estabelecendo o que hoje chamamos de estados nacionais: parcelas do planeta sobre as quais existiria uma e apenas uma autoridade central, soberana. O tempo passou, e a globalização atual torna cada dia mais evidente que falta algo nesse modelo: falta combinar como pilotaremos nossa nave, nosso planeta sem fronteiras – sem esquecer, obviamente, a autonomia de cada país.

Além de elementos naturalmente globais – como o clima, as aves migratórias e os vírus –, temos hoje criações globais humanas, como a poluição, os mercados, as telecomunicações e a cultura de massa. Já sentimos na pele a necessidade de enfrentar unidos os desafios planetários. Mas, para isso, dispomos apenas de instituições nacionais ou, na melhor das hipóteses, de um sistema internacional. O problema: ele não é de fato global, acima das nacionalidades, pois apenas junta países, que continuam inevitavelmente enredados em suas agendas nacionais, quando não reféns da desonestidade ou do egoísmo de lideranças locais. Os tropeços e impasses na recente conferência do clima – a COP15, em Copenhague – são o mais recente e dramático exemplo desse cenário.

A necessidade de instituições verdadeiramente globais é evidente. Mas construí-las será um desafio gigantesco. A crise de representatividade dos estados nacionais e dos políticos que os dirigem é gritante no mundo todo. Mas confiar apenas na "mão invisível" do mercado, sem regulamentações, também é perigoso, como mostrou a recente crise financeira que nasceu dos exageros de Wall Street. Intensificadas pelas modernas tecnologias da informação, navegando no espaço criado pela internet, iniciativas mundiais de cooperação e articulação são cada vez mais frequentes. Elas mesclam estados nacionais com representantes de segmentos auto-organizados da sociedade planetária – como empresários, investidores, cientistas, trabalhadores, consumidores e ONGs. Um exemplo disso é a ISO 26 000, norma internacional de responsabilidade social que já está praticamente pronta e deve ser publicada em fins de 2010. Ela representa um magnífico passo rumo à globalização 2.0.

Trabalhando juntas num processo altamente inovador, centenas de pessoas de todo o mundo dedicam-se, há mais de cinco anos, a compilar as expectativas embutidas nos acordos internacionais produzidos pelo sistema Nações Unidas e a combiná-las com as mais consagradas práticas da boa gestão administrativa. O resultado é um guia de diretrizes inédito, que mostra a qualquer organização – empresarial ou não – o que espera dela a comunidade global, além de orientá-la sobre como aplicar essa conduta no seu dia a dia.

Como esse da ISO 26 000, vários outros exemplos demonstram que está em plena construção um novo paradigma, uma cidadania global. De que esse é o caminho, não há dúvida. Em que resultará é uma pergunta ainda em aberto.

sábado, 28 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) Créditos de Carbono

(Continuação da matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes)


9. Créditos de carbono

O valor do patrimônio finito  O uso dos recursos da natureza começa a entrar na contabilidade real das companhias

CORREDORES ECOLÓGICOS
A Suzano planta vegetação nativa entre os eucaliptos de modo a resolver o problema da monocultura

Desde meados do século XVIII, com a máquina a vapor que extraía água das minas de ferro e carvão na aurora da Revolução Industrial, o crescimento econômico sempre esteve atrelado à transformação de recursos naturais em matéria-prima para a manufatura dos produtos. A exploração indiscriminada desses recursos, no entanto, deixou de ser a solução para o avanço tecnológico para tornar-se um problema de ordem prática. Como o capital natural – os recursos obtidos na natureza e usados para a produção de bens de consumo – é esgotável, preservá-lo passou a ser prioridade para as empresas que dependem dele para sobreviver. "O capitalismo produz riqueza a partir da estrutura disponível na natureza, que nem sempre pode ser reposta pelo homem", definiu o ambientalista americano Paul Hawken, um dos primeiros a tratar do tema na década de 90, em seu livro Capitalismo Natural, Criando a Próxima Revolução Industrial. "Destruir a natureza significa inviabilizar o desenvolvimento econômico da humanidade." Para ele, o capitalismo industrial é uma aberração temporária. "Não por ser capitalismo, evidentemente, mas por destruir sua fonte de recursos."

A preservação do capital natural virou regra nas empresas ecologicamente responsáveis. Todo novo empreendimento passa antes pelo crivo de seu potencial poder de destruição do estoque de recursos naturais. Tratá-los com respeito, e incluí-los no planejamento fi-nanceiro, é compulsório. Os limites para o desenvolvimento econômico neste século provavelmente serão ditados pela disponibilidade dos recursos naturais. De que servirão as melhores tecnologias para a pesca sem os cardumes? Ou as refinarias sem o petróleo? O panorama é ruim. A Avaliação Ecossistêmica do Milênio, projeto coordenado pela Organização das Nações Unidas entre 2001 e 2005, revelou o péssimo estado em que se encontram as principais reservas de recursos naturais do planeta. Entre os 23 itens analisados – como qualidade do ar, oferta de alimentos, diversidade de remédios naturais, regulação hídrica e climática –, 60% estão sendo deteriorados.

Conservar o meio ambiente significa preservar a viabilidade do próprio negócio. Uma pesquisa realizada com executivos de 200 corporações associadas ao World Business Council for Sustainable Development, em 35 países, revelou que esses profissionais já de-monstram alguma preocupação com o impacto que as mudanças climáticas podem ter sobre seu negócio. De acordo com a pesquisa, 13% temem a escassez de matérias-primas e 17% se assustam com o impacto de novas regulamentações ambientais.

A longevidade de uma empresa está intimamente relacionada à sua capacidade técnica para usufruir a natureza sem esgotá-la. "O impacto ambiental deve ser incluído no cálculo do custo das operações", afirma Rachel Biderman, pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas. Um dos exemplos mais emblemáticos da filosofia do "preservar para produzir mais" é a Natura, a líder brasileira no mercado de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal. Quando ela foi criada, há quarenta anos, seu modelo de gestão já associava crescimento econômico e consciência ambiental e social. Alguns anos mais tarde, essa passou a ser a marca indelével dos produtos vendidos pela empresa.

A rede de cosméticos O Boticário, fundada na década de 70, aposta na mesma direção e também é outra referência no uso responsável de insumos naturais. As espécies raras de flor selecionadas para a composição das fragrâncias são envolvidas por uma cúpula de vidro e os componentes do aroma captado são então analisados e reproduzidos sinteticamente. Outra de suas estratégias para diminuir o impacto ambiental foi a redução do emprego de matérias naturais na composição dos produtos. Atualmente, 80% da matéria-prima que a empresa utiliza é de origem sintética, uma forma de reduzir os danos a espécies nativas.

Estar próximo da natureza impõe atenção. A Suzano, o principal fabricante de papel do país, adotou medidas de proteção ao capital natural que utiliza. Com um estoque de mais de 500 000 hectares de floresta, ela produz 2,5 milhões de toneladas de papel e celulose. Para recuperar características da mata nativa, prejudicada pela monocultura de eucalipto (árvore que fornece matéria-prima para a produção de papel), a empresa criou corredores ecológicos. A técnica consiste em plantar vegetação nativa entre os eucaliptos. Com isso, o microclima local melhora, enquanto a evasão dos animais silvestres e o risco de pragas diminuem. A empresa controla também a diversidade dos pássaros que habitam as planta-ções. As aves são um bom indicador de mudanças de temperatura e umidade que afetam a produção dos eucaliptos. "A qualidade do meio ambiente é um termômetro da saúde do nosso negócio", explica Luiz Cornacchioni, gerente de relações institucionais da Suzano. Trata-se, no jargão da contabilidade, de equiparar o capital natural aos outros três de qualquer empresa – o financeiro, o humano e o imobilizado.

A face mais visível do cuidado com o capital natural é a preocupação com os recursos extraídos da natureza, como os minérios (veja o quadro abaixo). Mas cresce o interesse pelos chamados "serviços ambientais", como a água das nascentes, as chuvas e a estabilidade climática produzida pelas florestas. Atribui-se, hoje, valor a isso, de modo que o preço dos produtos embuta o custo desses serviços. A receita amealhada pelos fabricantes que bebem dessas fontes é usada para preservar o ambiente. Um exemplo é a cobrança pelo uso da água, já em vigor em algumas regiões do Brasil.

Nessa mesma direção, brotou uma nova expressão – a "externalidade", no jargão da economia. Isso ocorre quando, devido a imperfeições do mercado, uma empresa deixa de considerar em seus custos certos fatores sem preço definido nem propriedade clara, e eles acabam transferidos para toda a sociedade, ou mesmo para as futuras gerações. Funciona assim com o lixo. Desde que os clientes estejam dispostos a pagar pelo custo da embalagem, o fato de a mercadoria implicar maior ou menor produção de lixo não acarreta impacto algum para a economia do fabricante, e os gastos com resíduos – embalagens usadas, por exemplo – são transportados para o bolso do consumidor. No Uruguai, já existem projetos de lei que taxam os fabricantes cujas peças, depois de usadas, produzem detritos, anulando assim a externalidade. São as novas regras do mercado ético.  (segue)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) VAI ACABAR?

(Continuação da matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes) 

VAI ACABAR?
Minerais como o tântalo, usado em celulares, ainda têm um século de sobrevida

10. Créditos de carbono

Falta definir quanto custa poluir
A bolsa de compensações caminhava bem – mas a decepção com a cúpula de Copenhague pode freá-la

O mercado de créditos de carbono foi uma das mais engenhosas criações nascidas com a crise climática. O Protocolo de Kyoto, elaborado em 1997 e ratificado em 2005, com a assinatura da Rússia, força os países desenvolvidos a reduzir suas emissões de gases que provocam o efeito estufa em 5,2%, tendo como referência o ano de 1990. O prazo para alcançar essa meta é 2012. Como incentivo para que as empresas busquem mais eficiência, emitindo menos gases causadores do efeito estufa em suas operações, parte da redução de quem polui menos pode ser convertida em certificados negociáveis. Por meio desse mercado, empresas de países ricos que não conseguem reduzir suas emissões podem comprar créditos de carbono de empresas de países em desenvolvimento, que não têm nenhuma meta estabelecida pelo protocolo. Quem suja paga – quem não suja ganha dinheiro. E a atmosfera se beneficia com a redução de emissões da empresa vendedora.

Em 2008, o mecanismo movimentou 126 bilhões de dólares e evitou a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de CO2 (pouco menos que a emissão dos Estados Unidos). A China foi quem mais vendeu créditos. A Inglaterra, quem mais comprou (veja o quadro). É um jogo que favorece a inovação e a busca por métodos mais limpos, mas que também provoca receio entre cientistas e ambientalistas, que se mostram preocupados com os riscos de fraudes e distorções. Há o temor de reduções ineficazes que, usadas para produzir direitos de emissão, terminariam abrindo caminho para mais poluidores.

Também há a possibilidade de criação de bolhas especulativas no mercado financeiro. Para funcionar bem e crescer de maneira sadia, o mercado de carbono depende de regras claras, válidas internacionalmente. Por isso, havia vastas esperanças depositadas nas discussões sobre o Protocolo de Kyoto na COP15, em Copenhague, que poderiam ampliar o sucesso do mercado, com estimativa de 2 trilhões de dólares ao ano a partir de 2020. O desapontamento com o desfecho das negociações na Dinamarca, contudo, freou os ânimos e mexeu com o equilíbrio financeiro. Na segunda-feira, 21, um crédito de carbono, equivalente a 1 tonelada, caiu 8,3% – era de quase 18 dólares e foi a 16,5 dólares. Houve, naturalmente, o efeito psicológico de qualquer operação com papéis financeiros. "Copenhague ilustrou o fracasso da ONU para lidar com as mudanças climáticas", diz Emmanuel Fages, do banco Société Générale. "Mas o que ocorreu foi uma queda quase sentimental no preço do crédito, movida apenas pelo que se acredita que vá acontecer, ante tanta incerteza." É nítido sinal de como a ausência de um quadro institucional global estável prejudica a marcha rumo à economia verde.

A COP15 foi um susto no meio do caminho de um processo que ganhava força. "O mercado de créditos de carbono tem importância pedagógica, por impor uma mudança de postura", diz Emilio La Rovere, do Laboratório In-terdisciplinar de Meio Ambiente da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Painel do Clima da ONU. Eficiente, mas insuficiente, ajuda a construir algo fundamental para todo empreendedor: conhecer o valor da molécula de dióxido de car-bono, de modo a controlá-la. "Precisamos saber para onde vai o preço do carbono antes de estabelecer planos de longo prazo", afirma Lew Middleton, da empresa americana Duke Energy.

Um dos inimigos do bom funcionamento desse sistema é a burocracia. Uma empresa brasileira interessada em negociar créditos de carbono deve apresentar um projeto MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – e provar que com ele está deixando de lançar uma considerável dose de carbono no ar. O processo de aprovação pode levar até dois anos e meio. Quando criado, em 2005, o Brasil saiu na frente. "Fomos os primeiros a validar um projeto na ONU", diz Ernesto Cavasin, da PricewaterhouseCoopers (PwC), que faz consultoria para empresas que desejam entrar nesse mercado. Hoje, o Brasil ocupa o terceiro lugar em número de projetos e em volume de emissões poupadas. A China e a Índia lideram o ranking.

Pensávamos assim em 1962...   Houve um tempo em que ninguém estava realmente muito preocupado com o aquecimento global - era o que mostravam anúncios como o destas duas páginas

"A cada dia a Humble fornece energia suficiente para derreter 7 milhões de toneladas de geleiras", dizia o anúncio de uma refinaria de petróleo americana em 1962. Naquele tempo não havia a preocupação com a crise climática, a ciência engatinhava nesse campo e ninguém perdia o sono com o que acontecia no planeta nem estava especialmente atento ao sumiço de nacos dos polos.

Vivia-se o apogeu da Guerra Fria, entre os Estados Unidos e a União Soviética, e o que realmente assustava eram problemas mais terrenos, como a crise dos mísseis, deflagrada quando Nikita Kruschev pôs armas na Cuba de Fidel para desafiar John Kennedy. Era a véspera do fim do mundo, mas não porque os gases que provocam o efeito estufa subissem na atmosfera. Quase cinquenta anos depois, muita coisa mudou. Hoje, ousar imaginar o derretimento de placas de gelo é sinônimo de loucura.


O prazer da emissão zero ao volante
Os carros elétricos, silenciosos e ecologicamente limpos, com torque imediato e aceleração estonteante, oferecem as mesmasemoções de um veículo normal, movido a combustão

Os veículos elétricos não são novos na indústria automotiva. Os fabricantes ofereciam carros movidos a bateria 100 anos atrás. Mas, devido às limitações na autonomia, na viabilidade econômica e na infraestrutura, os carros elétricos nunca foram vendidos em massa e o motor a combustão tornou-se padrão.

Hoje a situação está mudando. Os fabricantes de veículos estão lançando projetos para trazer uma variedade de carros elétricos ao mercado nos próximos dois anos. Renault e Nissan vêm investindo para oferecer a tecnologia de emissão zero, em escala global, a partir do próximo ano.

Calculamos que os veículos elétricos podem atingir o equivalente a 10% das vendas globais de automóveis em 2020. Muitos têm dito que somos otimistas demais em nossa previsão, mas continuamos nos fazendo três perguntas fundamentais:

1) O preço do petróleo subirá no futuro?

2) A legislação sobre as emissões será mais rigorosa?

3) O interesse público a respeito do meio ambiente aumentará?

Se você acredita - como nós - que os preços do petróleo tendem a subir e que a preocupação da legislação e do público com o meio ambiente será fortalecida, é fácil concluir que os veículos de emissão zero são a resposta para a redução de gás carbônico (CO2) em um mercado global que prevê 2,5 bilhões de veículos em operação em 2050.
"É a maior mudança na evolução do automóvel. Os modelos com bateria podem atingir o equivalente a 10% do mercado mundial em 2020"

Em 2007, engenheiros e projetistas da Renault e da Nissan começaram a desenvolver planos para criar um negócio viável baseado no desenvolvimento de nossas próprias baterias e uma gama de veículos apropriados para consumidores de todo o mundo. Apenas dois anos mais tarde, a Renault e a Nissan já têm confirmados oito veículos elétricos: o inovador carro de dois lugares da Renault; o Nissan Leaf; comerciais leves de ambas as marcas; e um veículo de luxo da marca Infiniti.

Em apenas doze meses iniciaremos a entrega do Nissan Leaf aos clientes nos Estados Unidos e no Japão. A Renault começará a entregar o primeiro de seus quatro veículos em 2011, e a oferta de produtos disponíveis será cada vez maior.

Como a Aliança Renault-Nissan pode ser avaliada com relação aos concorrentes? Estamos confiantes na nossa tecnologia de baterias de íons de lítio, que a Nissan vem desenvolvendo nos últimos dezessete anos. Produzimos nossas próprias baterias, por meio de uma joint venture com a NEC. Dessa forma, teremos um controle melhor da qualidade, do custo e a habilidade de responder à demanda prevista. Consideramos as baterias como o ponto principal da tecnologia e do negócio. Paralelamente, por meio de uma associação com a Sumitomo, planejamos um negócio de remanufatura, revenda,
reutilização e reciclagem das baterias no fim de sua vida útil, dando a elas uma segunda vida como solução de armanezamento de energia.

(segue)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) De volta ao passado


(Continuação da matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes)



DE VOLTA AO PASSADO
Silenciosos modelos elétricos circulavam nos Estados Unidos em 1912, carregados em geradores movidos a óleo

Somos também o único grupo automotivo que estabeleceu mais de trinta parcerias com governos, municípios, fornecedores de serviço público e outras organizações de modo a preparar a base para a infraestrutura de carregamento e para os incentivos e políticas que vão estimular os consumidores a adotar carros elétricos. A aceitação difundida de carros com emissão zero requer esforços maiores que aqueles que os fabricantes de automóveis podem realizar. Esse sistema ecológico de carros elétricos ajudará a construir economias de escala e reduzir a apreensão do consumidor de comprá-los e dirigi-los.

Felizmente, o momento é favorável à mobilidade de emissão zero. Os governos, as cidades e outros grupos estão chamando a Aliança Renault-Nissan para expressar o interesse em carros com emissão zero e perguntar o que é preciso para assegurar um lançamento bem-sucedido. A rede de parceiros da Aliança estende-se globalmente. Os acordos existem no Japão, França, Dinamarca, Israel, Portugal, China, Estados Unidos, Canadá, México, entre outros países. A consciência sobre a necessidade de carros de emissão zero está crescendo, mesmo antes de os primeiros produtos estarem nas ruas.

Além da consciência, existe um interesse crescente nos próprios veículos. Como a tecnologia é nova, algumas pessoas estão questionando se terão de trocar a emoção de dirigir pelo bom senso de guiar um carro ecológico. A resposta é não, de modo algum.

A aceleração em um carro elétrico é imediata, e a experiência de dirigir é excelente. O carro é silencioso; o único ruído vem do vento e do rolar dos pneus. Não há nenhum cheiro associado ao motor de combustão. Um carro elétrico tem todas as funcionalidades de um carro normal, com todos os benefícios ambientais adicionados como bônus. Acreditamos que as propriedades inerentes a um veículo elétrico moderno - com seu torque imediato e aceleração estonteante - podem fornecer novas emoções à direção.

Os carros elétricos estiveram presentes por um século, por isso não estamos preocupados em ser os primeiros a reintroduzi-los no mercado. A Aliança Renault-Nissan, entretanto, está ansiosa para conduzir o movimento que tornará a mobilidade de emissão zero uma realidade acessível e prática. Abriremos o caminho oferecendo aos consumidores a primeira linha de veículos elétricos para quem quiser possuí-los, dirigi-los e desfrutá-los, além de ter a satisfação de fazer parte da maior mudança na evolução do automóvel.

As grandes empresas vão salvar o mundo?
Possivelmente sim, porque já não lhes cabe a imagem de gananciosas e malvadas, movidas a lucros imediatos. Muitas delas já fazem mais - e melhor - do que os governos imaginam


Lojas ecologicamente corretas, inclusive no Brasil, com luz acionada por energia solar
Há uma opinião disseminada entre ambientalistas e liberais (de esquerda) de que as grandes empresas são destruidoras do meio ambiente, gananciosas, malvadas e guiadas por lucros imediatos. Eu sei disso porque já tive essa opinião. Mas hoje tenho um sentimento mais plural. Ao longo dos anos, entrei para o conselho diretor de dois grupos ambientais, o WWF e a Conservação Internacional, atuando ao lado de muitos executivos de empresas.

Como conselheiro, fui chamado a avaliar a situação ambiental em campos de petróleo, e tive discussões francas com empregados de empresas petrolíferas. Também trabalhei com executivos dos setores de mineração, varejo, extração de madeira e serviços financeiros. Descobri que, embora algumas empresas sejam de fato tão destrutivas quanto muitos suspeitam, outras estão entre as mais positivas forças do mundo para a sustentabilidade ambiental.

A adesão às preocupações ambientais por parte dos executivos-chefes das empresas acelerou-se recentemente por várias razões. Um menor consumo dos recursos ambientais poupa dinheiro a curto prazo. E uma imagem limpa - conquistada, digamos, ao evitar derramamento de petróleo e outros desastres ambientais - reduz as críticas da sociedade.

Eis alguns exemplos envolvendo três corporações - Walmart, Coca-Cola e Chevron - que muitos críticos adoram odiar, injustamente, na minha opinião.

Comecemos com o Walmart. Obviamente, uma empresa pode poupar dinheiro encontrando maneiras de gastar menos e manter as vendas. Foi isso que o Walmart fez com os gastos com combustíveis, reduzidos em 26 milhões de dólares por ano, simplesmente alterando a forma de gestão da sua frota de caminhões. Em vez de manter o motor do caminhão ligado a noite toda para aquecer ou refrigerar a cabine durante as paradas para descanso, a empresa instalou pequenos geradores auxiliares. Além de reduzir o gasto de combustível, a medida eliminou emissões de dióxido de carbono equivalentes à retirada de 18,3 mil carros de passeio das ruas.

O Walmart também está empenhado em duplicar a eficiência de combustível da sua frota de caminhões até 2015, economizando assim mais de 200 milhões de dólares por ano na bomba de diesel. Entre os protótipos eficientes que estão sendo testados há caminhões que queimam biocombustíveis produzidos com a gordura que resta nos balcões de frios da rede. Da mesma forma, a empresa, a maior usuária privada de eletricidade dos Estados Unidos, está poupando dinheiro ao reduzir o consumo de energia nas lojas.

Outro exemplo do Walmart envolve a diminuição dos custos associados ao material de embalagem. Na América do Norte, a rede agora só vende detergentes líquidos concentrados, o que reduz em até 50% o tamanho das embalagens. As lojas também dispõem de máquinas que reciclam o plástico que antes seria jogado fora. A meta da empresa é, no futuro, não ter mais lixo de embalagens.

Um último exemplo do Walmart mostra como uma empresa pode poupar dinheiro a longo prazo comprando de fontes sustentáveis. Por causa da gestão não sustentável da pesca, os preços da merluza-negra chilena e do atum do Atlântico haviam disparado. Para minha agradável surpresa, em 2006 o Walmart decidiu que em cinco anos transferiria todas as suas compras de peixes e frutos do mar apanhados na natureza para empresas pesqueiras certificadas como sustentáveis.

Os problemas da Coca-Cola são diferentes do Walmart por serem prioritariamente de longo prazo. O principal ingrediente dos produtos da Coca é a água. A empresa produz bebidas em cerca de 200 países por meio de franquias locais, que pedem um suprimento local confiável de água limpa.

COCA-COLA
A empresa trabalha na manutenção de sete grandes bacias hidrográficas, entre elas a do Rio Yang-tsé, porque precisa de água

Mas a oferta de água encontra-se sob forte pressão em todo o mundo, e a maior parte dela já está alocada para o uso humano. A pouca água doce ainda não alocada está em áreas remotas, inadequadas a fábricas de bebidas, como o Ártico russo ou o noroeste da Austrália. A Coca-Cola não consegue atender às suas necessidades hídricas simplesmente dessalinizando a água do mar, porque isso exige energia, o que também é cada vez mais caro. A mudança climática global está tornando a água cada vez mais escassa, especialmente em países densamente povoa-dos da zona temperada, como os Estados Unidos, que são o principal mercado da Coca-Cola. O maior concorrente em todo o mundo no uso da água é a agricultura, que também apresenta seus próprios desafios de sustentabilidade.

Daí que a sobrevivência da Coca-Cola a compele a estar profundamente preocupada com os problemas de escassez de água, energia, mudança climática e agricultura. Uma meta da empresa é tornar suas fábricas "neutras em água", devolvendo ao meio ambiente uma quantidade de água igual à que foi usada nas bebidas e na sua produção. Outra meta é trabalhar na conservação de sete grandes bacias fluviais, incluindo as dos rios Grande (fronteira México-Estados Unidos), Yang-tsé, Mekong e Danúbio, todos eles locais de grandes preocupações ambientais, além de fornecerem água à Coca-Cola.

Essas metas de longo prazo somam-se na Coca-Cola a práticas ambientais e de redução de custos a curto prazo, como a reciclagem de garrafas plásticas, a substituição do plástico de petróleo das embalagens por material orgânico, a diminuição do consumo de energia e o aumento do volume de vendas com a redução no uso de água.

A terceira empresa é a Chevron. Nem em parques nacionais eu vi uma proteção ambiental tão rigorosa quanto nas cinco visitas que fiz aos novos campos petrolíferos administrados pela Chevron em Papua-Nova Guiné. (A Chevron já vendeu sua participação nesses empreendimentos a uma empresa petrolífera da região.) Quando perguntava como uma empresa de capital aberto poderia justificar a seus acionistas os gastos com meio ambiente, empregados e executivos da Chevron me davam pelo menos cinco razões.

Primeiro, que vazamentos de óleo podem sair terrivelmente caros: é bem mais barato evitá-los do que limpar suas consequências. Segundo, que as práticas limpas reduzem o risco de que os proprietários de terras da Nova Guiné se irritem, peçam indenizações e fechem os campos. Terceiro, que os padrões ambientais estão se tornando mais rigorosos no mundo todo, de modo que construir instalações limpas agora minimiza o risco de ter de realizar custosas reformas para adaptação depois. Além disso, as operações limpas em um país dão à empresa uma vantagem na hora de solicitar contratos em outros. Finalmente, as práticas ambientais das quais os empregados se orgulham elevam o moral, ajudam no recrutamento e aumentam o tempo que os funcionários tendem a permanecer na empresa.

Diante de tantas vantagens obtidas com políticas ambientalmente sustentáveis, por que tais políticas enfrentam resistência de algumas empresas e de muitos políticos? As objeções muitas vezes são peremptórias.

"Temos de equilibrar meio ambiente e economia." A premissa dessa afirmação é que as medidas que promovem a sustentabilidade ambiental inevitavelmente têm um custo econômico, e não um lucro. Essa linha de pensamento vira a verdade de ponta-cabeça. As razões econômicas fornecem os motivos mais fortes para a sustentabilidade, porque a longo (e muitas vezes também a curto) prazo é muito mais caro e difícil tentar consertar os problemas, ambientais ou de outra natureza, do que evitá-los.

Os americanos aprenderam essa lição com o furacão Katrina, em 2005, quando, como resultado de uma década de relutância dos órgãos públicos em gastar centenas de milhões de dólares para consertar as defesas de Nova Orleans, foram desembolsados centenas de bilhões de dólares com os estragos - sem mencionar milhares de cidadãos mortos. Da mesma forma, John Holdren, principal consultor científico da Casa Branca, estima que a solução dos problemas climáticos custaria aos Estados Unidos 2% de seu PIB até 2050, mas que não resolvê-los prejudicará a economia em 20% a 30% do PIB.

"A tecnologia vai resolver nossos problemas." Sim, a tecnologia pode contribuir com a solução dos problemas. Mas grandes avanços tecnológicos exigem décadas para ser desenvolvidos e adotados, e muitas vezes revelam efeitos colaterais imprevistos - veja-se o caso da destruição da camada de ozônio por clorofluorcarbonetos atóxicos e não inflamáveis, inicialmente louvados por substituírem gases de refrigeração venenosos.

"O ritmo de crescimento da população mundial está diminuindo, e não será o problema que temíamos." É verdade que a taxa de crescimento populacional tem decrescido. Entretanto, o verdadeiro problema não são as pessoas em si, e sim os recursos que elas consomem e o lixo que produzem. A média de consumo e produção de lixo por pessoa, que nos países ricos equivale a 32 vezes a dos países pobres, cresce acentuadamente no mundo inteiro, conforme os países em desenvolvimento emulam o estilo de vida das nações industrializadas.

"É fútil pregar aos americanos a redução do padrão de vida: jamais haverá sacrifícios só para que outras pessoas possam elevar seu padrão cotidiano." Isso mistura consumo com padrão de vida: eles são apenas vagamente relacionados, porque grande parte de nosso consumo é esbanjador e não contribui com a nossa qualidade de vida. Nossas necessidades básicas estão atendidas, e aumentar o consumo nem sempre aumenta a felicidade. Substituir um carro que faz 6 quilômetros por litro por um modelo mais eficiente não vai reduzir o padrão de vida de ninguém, mas ajudará a melhorar a vida de todos por diminuir as consequências políticas e militares da dependência do petróleo. Os europeus ocidentais têm taxas de consumo per capita inferiores às dos americanos, mas desfrutam um melhor padrão de vida em termos de acesso à saúde, segurança financeira depois da aposentadoria, mortalidade infantil, expectativa de vida, alfabetização e transporte público.

(segue...)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) Mudança Climática


(Continuação da matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes)

 
Não surpreende que o problema da mudança climática tenha causado sua própria safra de objeções.

"Até os especialistas discordam sobre a realidade da mudança climática." Isso foi verdade há trinta anos, e alguns especialistas ainda discordavam uma década atrás. Hoje, virtualmente todo climatologista concorda que as temperaturas médias globais, o ritmo do aquecimento e os níveis atmosféricos de dióxido de carbono são maiores do que em qualquer momento do passado recente da Terra, e que a principal causa é a emissão de gases do efeito estufa por humanos. As questões que ainda estão sendo debatidas são se a temperatura média global vai aumentar em 2 graus até 2050 e se os humanos respondem por 90% ou "só" por 85% da tendência global de aquecimento.

"A magnitude e a causa da mudança climática global ainda são incertas. Não deveríamos adotar contramedidas custosas até que tenhamos certeza." Em outras esferas da vida - escolher um cônjuge, educar os filhos, comprar ações e seguros de vida etc. - admitimos que a certeza é inalcançável e que devemos tomar a melhor decisão possível com base nas evidências disponíveis. Por que a busca impossível pela certeza deveria nos paralisar somente a respeito das providências contra a mudança climática?

"O aquecimento global será bom para nós, por permitir o cultivo agrícola em lugares antes frios demais para a agricultura." O termo "aquecimento global" é impróprio; deveríamos falar em mu- dança climática global, que não é uniforme. A temperatura global média de fato está subindo, mas muitas áreas estão ficando mais áridas, e a frequência de secas, inundações e outros episódios climáticos extremos está aumentando. Algumas áreas sairão ganhadoras e outras serão perdedoras.

"É inútil que os Estados Unidos ajam contra a mudança climática se não souberem o que a China fará." Na verdade, a China chegou para as negociações da conferência climática de Copenhague com todo um pacote de medidas para reduzir a sua "intensidade de carbono". Enquanto os Estados Unidos hesitam a respeito da transmissão elétrica a longa distância das áreas rurais (com maior potencial para a produção de energia eólica) para as áreas urbanas (mais necessitadas de energia), a China está muito à frente. Ela desenvolve linhas de transmissão para voltagens ultra-altas, saindo de locais de produção eólica e solar no oeste rural do país para cidades no leste. Se os Estados Unidos não agirem para desenvolver uma tecnologia energética inovadora, logo perderão a competição dos "empregos verdes" não só para a Finlândia e a Alemanha (como já ocorre), mas também para a China.

Em cada uma dessas questões, as empresas americanas, e de todo o mundo, terão um papel igual ou maior que o do governo. Meus amigos do mundo empresarial continuam me dizendo que o governo de Washington pode ajudar em duas frentes: por um lado, investindo em tecnologia "verde", oferecendo incentivos fiscais e aprovando uma legislação com limites e comércio de emissões; por outro, estabelecendo e fiscalizando padrões rígidos para assegurar que as empresas com métodos baratos e sujos não tenham uma vantagem competitiva sobre as que protegem o meio ambiente. Quanto ao resto de nós, deveríamos superar a interpretação equivocada de que as empresas americanas só se importam com os lucros imediatos e recompensar as companhias que mantêm o planeta saudável.

CHEVRON - Sucessivas explicações aos acionistas por gastar tanto com controle ambiental das usinas de petróleo

O que virá depois de Copenhague - Certamente não é a morte, apesar dos resultados tímidos da cúpula. A sustentabilidade, todos concordam, é a próxima fronteira da inovação e o principal motor dos negócios


APOCALIPSE
Manifestante na capital dinamarquesa vestido a rigor para anunciar o fim dos tempos

A sustentabilidade não é mais opcional: é essencial. Depois de anos gastos na exploração da filantropia e da cidadania corporativas, a revolução verde está finalmente acontecendo nas salas de conselhos administrativos em muitos países. Admite-se cada vez mais que, com o passar do tempo, as marcas líderes só vão permanecer como tal se também forem reconhecidas como líderes da responsabilidade corporativa – e se isso for visível não só em suas práticas internas ou processos industriais, mas também na maior parte dos seus produtos e serviços.

O ano de 2010 será o primeiro dessa nova era de maturidade para as estratégias corporativas de sustentabilidade. Esse período, que chamo de "sustentabilidade 2.0", é a última e mais excitante fase de uma evolução que já dura quase trinta anos. A "pré-história" da responsabilidade social corporativa (RSC), que durou basicamente quinze anos, de 1980 a 1995, estava focada em doações benemerentes para boas causas ou patrocínios de empresas que não vinculavam de forma alguma essa "filantropia corporativa" ao seu modelo de negócios, estratégia ou oferta de produtos – que permaneciam incontestes e imutáveis. A esse estágio se seguiu a primeira era da RSC moderna (RSC 1.0): os anos seguintes, de 1995 a 2009, testemunharam uma ampliação da cidadania corporativa para práticas industriais e processos corporativos, na maior parte das vezes por causa de uma abordagem defensiva, de modo a antecipar novos regulamentos, prevenir crises industriais e de imagem. Tratava-se, ainda, de reduzir custos relacionados ao consumo excessivo dos recursos naturais e relatar esforços feitos para limitar os impactos negativos dos negócios sobre as pessoas e o planeta (via compras éticas, por exemplo). Isso nos levou à situação de hoje, em que quase todas as empresas falam de sustentabilidade... E daí?

Na maioria das vezes, essa abordagem não levou a inovações perturbadoras, não conseguiu integrar a sustentabilidade à "real" estratégia de negócios ou ao modelo empresarial da companhia, nem alterou os produtos e serviços que a empresa oferece. Produtos e serviços "verdes" ou "responsáveis" têm sido lançados, mas, sem serem realmente promovidos, respondem por menos de 1% das vendas (isso vale para o turismo sustentável, a comida orgânica e os investimentos éticos ou responsáveis). De certa maneira, a atual RSC tem sido ótima em manter as coisas como estão por algum tempo a mais, sem considerar mudanças profundas. Mas, embora a reputação das empresas tenha melhorado, isso não bastou para resolver os desafios sociais e ecológicos que enfrentamos – as emissões de CO2 aumentaram quase exatamente na proporção em que deveriam ter diminuído desde o Protocolo de Kyoto, 75% dos estoques marítimos de pesca estão superex-plorados, metade das florestas tropicais e temperadas do mundo sumiu e a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres dobrou nos últimos trinta anos do século XX. (segue)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa (continuação) COLABORAÇÃO


(Matéria da revista Veja de dezembro de 2009, que estou postando em partes)

COLABORAÇÃO
A Lego saiu da falência ao permitir que os consumidores criem e vendam peças on-line

Por quê? Porque as práticas corporativas só afetam uma pequena parcela de seu funcionamento. Não importa que uma companhia automobilística esteja indo bem no emprego do certificado ISO em suas instalações industriais e na redução das emissões de CO2 de suas fábricas se os carros representam 80% do impacto climático. Se não trocarmos as matrizes tecnológicas usadas para a mobilidade (seja elétrica, híbrida etc.), se não pensarmos em soluções alternativas de mobilidade que sejam mais sustentáveis do que carros individuais (transporte público ou compartilhamento de veículos, por exemplo) e, acima de tudo, se não conseguirmos torná-las habituais em todo o mundo, vamos fracassar na solução do desafio climático... Isso também vale para iogurtes, cujo impacto sobre a mudança climática não está relacionado com as práticas corporativas (emissões de CO2 das fábricas e caminhões, por exemplo), mas sim com a pecuária industrial (50%), que representa 10% das emissões mundiais. É bom tornar fábricas e transporte menos poluentes, mas que sentido faz se não se pensar em mudar o produto em si?

A lógica também se aplica aos bancos, cujos esforços para ter sedes energeticamente mais eficientes, aumentar o uso da videoconferência em vez das viagens aéreas dos funcionários e promover a reciclagem de papel e o costume de desligar o computador à noite são de fato bons hábitos, mas não significativos na redução do seu impacto sobre a mudança climática. Hoje, as emissões indiretas de CO2 resultantes das atividades bancárias (por exemplo, ao investir no setor de petróleo, em indústrias automobilísticas etc., em vez de investir no desenvolvimento de energia renovável, agricultura orgânica, prédios "verdes" etc.) são mil vezes mais decisivas do que as diretas, relacionadas às atividades administrativas e das agências bancárias.

Tal é o cenário em que nos encontramos hoje, e este é o desafio para 2010 e além: precisamos dar início a uma nova revolução da RSC, uma revolução silenciosa, que felizmente já começou em alguns grupos importantes do mundo todo. Essa nova abordagem, avançando progressivamente para fora do pequeno círculo inicial de empresas comprometidas (como The Body Shop, na Inglaterra, Ben & Jerry’s, nos Estados Unidos, e Natura, no Brasil), consiste em ir além da gestão do risco, de modo a aproveitar o potencial de inovação e diferenciação trazido pela sustentabilidade. Isso exige que ponhamos a sustentabilidade no coração da estratégia corporativa, numa abordagem proativa (e não reativa ou defensiva), pela qual grandes multinacionais revisitam seus modelos de negócios e se valem de todos os recursos e energia para efetuar mudanças nos seus mercados com o objetivo de difundir a sustentabilidade e torná-la acessível a cada consumidor.

A rede inglesa de varejo Marks & Spencer lançou em 2007 o seu "Plano A" de cinco anos (já que não há plano B para salvar o planeta): trata-se de um "ecoprograma" que abrange a companhia inteira, com cinco temas e 100 compromissos para tornar a sustentabilidade mais habitual nas prateleiras. Com base em um contínuo diálogo com os acionistas, a M&S decidiu, entre outras iniciativas, que só ofereceria ovos de galinhas criadas soltas – não só no caso dos ovos vendidos in natura, mas também de massas e bolos. Além disso, ela se tornaria neutra na emissão de carbono, deixaria de transportar alimentos por via aérea, não enviaria lixo para aterros e até 2012 só venderia algodão, chá e café orgânicos e oriundos do comércio ético. Com a mesma mentalidade, a Philips decidiu em 2007 que até 2012 teria 30% de seu faturamento associado a produtos "verdes", o que alterou toda a abordagem da empresa em relação à inovação. No mesmo ano, a Procter & Gamble adotou publicamente a meta de desenvolver e comercializar 50 bilhões de dólares em produtos inovadores sustentáveis até 2012 (algo como 12% de seu faturamento acumulado no período). Muitos deles são detergentes para água fria, que acarretam menores custos energéticos (uma casa média nos EUA gasta 3% de seu orçamento elétrico anual aquecendo água para lavar roupa). Com esses produtos inovadores, em apenas seis anos a P&G elevou de 2% para 28% a proporção de lares que lavam roupa com água fria na Inglaterra, e de 5% para 52% na Holanda.

Essa abordagem focada na inovação do mercado já provou seus benefícios em termos de reputação para empresas como a Toyota, que registrou aumento de 90% no valor financeiro de sua marca, segundo a pesquisa anual Interbrand, graças a esforços para integrar a sustentabilidade em sua gama de produtos e em sua estratégia de marketing, desde o lançamento pioneiro do carro híbrido Prius, nos EUA.

Estimulada em todo o mundo por novos regulamentos relacionados a impostos ambientais e indexação de produtos, essa abordagem inédita exige uma mentalidade criativa. Abordagens empresariais tradicionais não serão tão eficientes no mundo pós-crise e pós-Copenhague: as empresas precisarão desenvolver uma abordagem inovadora para a própria inovação. Isso envolverá cinco posturas fundamentais:

1. Preferir serviços imateriais a bens com uso intensivo de recursos e produção de detritos.

A Apple passou à frente do Walmart e se tornou, com o iTunes, o varejista musical número 1 dos EUA. Faz sucesso o serviço "self-service" de aluguel de bicicletas, o Vélib, disponível 24 horas, sete dias por semana, em cidades congestionadas como Paris e Lyon.

2. Ver a natureza como professora, e não só como fornecedora.

Despontam inovações inspiradas na natureza, como os edifícios biomiméticos sem ar condicionado, inspirados nos cupinzeiros e no seu sistema de refrigeração passiva, que se baseia em túneis construídos de modo a apanhar a brisa.

3. Escolher abordagens de fonte aberta, em vez das confidenciais, sigilosas e patenteadas.

Dá para pensar seriamente em patentear um cosmético criado a partir de uma planta usada há séculos por indígenas na América do Sul?

4. Desenvolver uma abordagem colaborativa para a inovação.

O caminho aqui é envolver os clientes na criação e teste de novos produtos. A BMW pediu a 500 consumidores dos Estados Unidos que testassem e melhorassem, durante um ano inteiro,
seu novo Mini E elétrico. A Lego saiu da quase falência ao permitir que seus consumidores
criem e vendam os próprios produtos no site www.legofactory.com.

5. Aceitar que a inovação mais radical do amanhã pode vir das beiradas do sistema, de onde ninguém espera.

As empresas têm de ficar alertas para o que está ocorrendo abaixo de seu radar. A Aurolab, lançada em 1992, na Índia, como a primeira fábrica sem fins lucrativos em um país em desenvolvimento para produzir a preços acessíveis lentes intraoculares usadas na cirurgia de catarata, tornou-se um dos maiores fabricantes mundiais do produto, com 7% do mercado, vendendo mais de 600 000 unidades por ano a dezenas de países. Em outra ponta, o onipresente Google entrou no mercado de energia, com o PowerMeter, destinado a conceder aos consumidores uma informação detalhada sobre seu uso doméstico de eletricidade ao longo do dia.

Fique atento: todo esse novo mundo empresarial começa em 2010, que pode muito bem ser o primeiro de uma série de anos excitantes e inspiradores na reinvenção do capitalismo.

COLETIVO
A norma agora é preferir serviços com uso intensivo dos recursos, como ocorre com o Vélib, sistema de aluguel de bicicletas desenvolvido em Paris e Lyon

Élisabeth Laville é diretora da consultoria francesa Utopies, especializada em estratégia e desenvolvimento sustentável                                                                (segue)

sábado, 14 de agosto de 2010

Publicação em série de matéria da Revista Veja de Dezembro/2009: Perspectiva 2010 O ano zero da economia limpa


Empregos de futuro
As oportunidades de trabalho criadas por um mundo atento ao zelo contra o aquecimento global:

1. Agricultor

Como a agricultura sustentável exige métodos orgânicos, locais e de pequena escala, em vez de máquinas e fertilizantes à base de petróleo, há uma enorme necessidade de mais agricultores. Não são fazendeiros quaisquer - os modernos profissionais do campo pre-cisam ter formação tanto em genética quanto em marketing. As estatísticas apontam para a necessidade de uma imensa reviravolta comportamental e econômica. No Brasil, apenas 19% da população é rural. Mais de 80% dos jovens entre 15 e 24 anos estão nos centros urbanos. Busca-se, portanto, renovação e vasto interesse por tecnologias nascentes, condições naturalmente atreladas à juventude. O problema: convencer os novos profissionais a viver no campo, onde são limitadas as expectativas de entretenimento e educação.

 2. Técnico florestal

A atividade florestal moderna é uma complexa combinação de financiamento internacional de projetos, conservação e desenvolvimento. Segundo o Banco Mundial, a incrível cifra de 1,6 bilhão de pessoas depende das florestas para sua subsistência. Os técnicos florestais ajudam a população local a passar das práticas de corte e queimada para a silvicultura - ensinando, por exemplo, a exploração sustentável da mata ou o cultivo de espécies de valor mais elevado e crescimento mais rápido, sejam elas árvores madeireiras, frutíferas ou medicinais. Auxiliam também no controle do impacto ambiental. Lembre-se ainda que os projetos para evitar o desmatamento, que é a causa de cerca de um quarto de todo o aquecimento global, devem se tornar crucial fonte de créditos de carbono. Especialistas são, portanto, cruciais.

3. Portador de MBA em negócios verdes

As exigências impostas por novas legislações e o natural crescimento do interesse por posturas sustentáveis dentro das empresas já produzem efeito acadêmico: o aperfeiçoamento ancorado nos conhecimentos ambientais. Um executivo sem esse tipo de formação vale menos no mercado. A Fundação Getulio Vargas já tem um MBA em gestão de sustentabilidade.

4. Fabricante de turbina eólica

O vento é uma das mais promissoras fontes alternativas de energia e a que mais cresce, com 300 000 empregos em todo o mundo. Uma turbina tem 90% do peso composto de metal, o que representa uma oportunidade para que operários do setor automobilístico e de outros ramos da indústria reorientem suas habilidades. Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, a capacidade de geração de energia limpa para a próxima década é equivalente à de dez usinas de Itaipu. Há, portanto, um vigoroso mercado de trabalho, especialmente nas regiões litorâneas, onde a força eólica é naturalmente maior.

5. Biólogo conservacionista

A busca urgente para preservar a integridade de ecossistemas mundo afora e para quantificar o valor dos "serviços de ecossistemas" cria oportunidades no ensino, na pesquisa e no trabalho de campo junto a governos, ONGs e empresas privadas.

6. Desenvolvedor de sistemas de sustentabilidade

A economia verde pede um quadro especializado de desenvolvedores de softwares e engenheiros que projetem, construam e mantenham as redes de sensores e os modelos probabilísticos que sustentam fazendas eólicas, redes energéticas inteligentes, definição de pedágios urbanos e outros sistemas que substituem recursos naturais por inteligência. Programadores com experiência no uso de sistemas de gestão empresarial de larga escala têm vantagem aqui, bem como desenvolvedores familiarizados com aplicativos de fonte aberta e web 2.0.

7. Urbanista

O planejamento urbano e regional é um elemento crucial na busca pela redução da pegada de carbono nos centros urbanos. Fortalecer os sistemas de transporte de massa, limitar o espalhamento urbano, estimular o uso de bicicletas e retirar a ênfase dada aos carros são apenas uma parte do trabalho. Igualmente crucial é o planejamento de contingências, já que inundações, ondas de calor e bueiros entupidos pelo lixo se tornam problemas cada vez mais comuns nas metrópoles. O emprego nesse setor deve crescer 15% até 2016 em todo o mundo, e as vagas estão principalmente em governos locais, o que faz delas uma aposta razoavelmente segura.

8. Reciclador

Relatório da Organização Internacional do Trabalho informa que há, no Brasil, 500 000 pessoas vivendo da reciclagem de resíduos. O que se tornou meio de vida de populações carentes - reflexo econômico originalmente sem nenhum pé na sustentabilidade (quem recolhe detritos não o faz por responsabilidade ambiental, e sim por oportunidade de arrumar algum trocado) - pode virar um negócio profissional de real impacto.

Novas leis estão criando a necessidade de empresas especializadas que podem fechar o círculo reciclando e dando novas utilidades ao lixo eletrônico, roupas, sacos plásticos, entulho e outros materiais. Será preciso conhecimento técnico para participar dessa cadeia econômica.

9. Instalador de energia solar

A produção e a instalação de sistemas de energia solar já criaram cerca de 770 000 empregos no mundo. Instalar aquecedores de água que usam o calor solar e células fotovoltaicas em telhados é um trabalho relativamente bem remunerado. Nos Estados Unidos, país irradiador de quase todas as tendências econômicas, pagam-se de 15 a 35 dólares por hora nessa atividade. Onde há sol há oportunidades - e o Brasil tem enorme potencial para seguir essa trilha, ainda praticamente virgem. Hoje, em território americano, mais de 3 400 empresas no setor de energia solar empregam 35 000 funcionários.   A Associação das Indústrias de Energia Solar dos EUA prevê um aumento para mais de 110 000 empregos até 2016.

10. Empreiteiro da eficiência energética

Os edifícios representam até 48% do uso de energia e das emissões de gases do efeito estufa nas regiões urbanas. O Leed, importante certificação da construção "verde", tem mais de 3 000 empreendimentos comerciais e outros 2 500 residenciais atrelados às suas normas em todo o mundo. No Brasil, há apenas dez edifícios comerciais com o selo. Um outro método de controle, o Aqua, acrônimo de "alta qualidade ambiental", inspirado numa versão francesa, começa a ganhar espaço.

O motivo: prédios ecologicamente corretos tendem a ter mais apelo comercial. "Os compradores já se interessam por cuidados ambientais nos locais de trabalho e moradia", diz Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do projeto Aqua da Fundação Vanzolini, de São Paulo. Estudo da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, com 154 imóveis pendurados na certificação Leed revela que a produtividade cresce nos edifícios limpos porque os inquilinos ficam menos doentes (deixam de perder até 2,88 dias de trabalho por ano). Além disso, a taxa de desocupação é até 3,5% inferior à de prédios comuns e o índice de arrendamento no mercado, até 13% maior.

Fonte:   Veja/Com reportagem de Débora Didonê

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pense verde !

Atitude sustentável é imperativo nas melhores empresas. Veja como adotar essa postura no seu cotidiano do trabalho Por ANDREA GIARDINO Elder Galvão Nos últimos anos, uma das palavras mais faladas nas empresas tem sido sustentabilidade. “Passa não só pelo respeito, mas está ligada à ética”, diz Julio Cardozo, consultor de gestão de negócios, de São Paulo. Isso não significa apenas trocar o papel comum pelo reciclado, ou implantar a coleta seletiva. É mais amplo e pode ser bem mais fácil do que isso. Veja algumas dicas sobre as novas atitudes sustentáveis.

1 Participe

Adote uma postura participativa. No banco Itaú, as ideias e sugestões transformam-se em programas sustentáveis. “Queremos comportamento crítico das pessoas em relação a esse assunto”, diz Sonia Faveretto, superintendente de sustentabilidade do Itaú.

2 Pratique

Ao marcar um almoço com o cliente, pense em um restaurante que seja perto do trabalho dos dois. Lugares distantes dos dois escritórios contribuem para piorar o trânsito nesse horário de pico e poluir ainda mais o ar nas grandes cidades.

3 Viaje menos

Reuniões ou apresentações fora da cidade, ou do país, podem ser substituídas por videoconferências. Então faça isso e espalhe a ideia. Você economiza dinheiro para o seu departamento — o que pode até valer um bônus maior no fim do ano! –, poupa o meio ambiente, reduz sua pegada de carbono e ganha tempo para você e para a equipe.

4 Dê carona

Faça um esquema de caronas para o seu setor ou para os colegas mais próximos. Isso pode ser replicado para mais departamentos e contribuir não só com o meio ambiente, mas com a qualidade de vida. No fim do mês todos podem colaborar enchendo o tanque de quem dirigiu mais.

5 Diga “não”

Estabelecer metas para a sua área ajuda a diminuir o desperdício, como aconteceu na TV1, grupo de comunicação, em São Paulo. “Em dois meses, conseguimos reduzir o consumo exagerado de copos plásticos em 50%, que chegava a 7 500 por dia”, diz Selam Santa Cruz, sócia da empresa. Na dúvida, leve sua caneca.

6 Respeite

“Tome para si a responsabilidade de uma vida sustentável”, diz Ligia Egger, consultora de etiqueta corporativa. “Muitos encaram os projetos da empresa, mas esquecem que na vida precisam ter boas relações.” Isso é ser gentil e respeitoso com os seus colegas no elevador, no estacionamento e no refeitório.

7 Espere

Falando de elevador, espere seus colegas entrarem até ele ficar cheio. Ou prefira pegar um que já está razoavelmente cheio quando você estiver na fila, em vez de esperar para ir sozinho. Você chega uns 20 segundos depois, mas economiza energia e esbanja gentileza

8 Lidere

Tenha uma postura ética e busque o mesmo comportamento em seus fornecedores e clientes. As empresas costumam ter projetos sustentáveis, mas ainda toleram de seus executivos e líderes práticas abusivas e humilhantes com os funcionários. “Podemos aprender nesse momento de crise”, diz o consultor de gestão Julio Cardozo, de São Paulo.

9 Economize

Por fim, corte os excessos — uma regra da boa conduta sustentável. Apague a luz quando for embora, desligue o computador se for para uma reunião externa, só imprima um texto se realmente for necessário guardar o papel. Se você recebe impressos e revistas desnecessários, ou que nunca lê, avise quem está mandando para suspender o envio.

10 Repense

Mais que isso, pare para pensar. Veja onde você pode reduzir custos e como pode poupar os recursos naturais nas suas atividades diárias, desde a ida ao trabalho até as festas que organiza para a empresa ou em sua casa, para a família. Com o tempo, as pessoas passarão a se inspirar em suas ações e a fazer o mesmo.


Fonte: planetasustentável.abril.com.br
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